quinta-feira, 23 de abril de 2009

COISAS DO COTIDIANO

PIPOCA OU PIRUÁ?
Existem observações que somente algumas mentes privilegiadas fazem. E, depois que as ouvimos, só nos resta perguntar: por que não pensei nisso?
É o caso do Professor Rubem Alves. Seus cometários são sempre uma inspiração para reflexões mais profundas. Elas provocam uma continuidade de pensamento. Eu mesmo já produzi alguns textos que são meras anotações à margem de suas crônicas. Uma delas publiquei neste blog.
Um texto brilhante, atribuído a Rubem Alves, me chegou às mãos. O título, "milho de pipoca". Nada mais simples e cotidiano. Não pude, no entano, deixar de pensar em quantas pessoas do meu convívio orgulham-se de serem duras e imutáveis. Querem ser o que são e não o que Deus sonhou que fossem.
Já ousei, em outras oportunidades, fazer resenha comentada de alguns textos do Professor Rubem Alves. Neste caso, porém, não há o que comentar e não seria prudente resumir o texto sob pena de diminuir seu brilho. Convido-os a ler e refletir
Milho de Pipoca
A transformação do milho duro em pipoca macia é símbolo da grande transformação por que devem passar os homens para que eles venham a ser o que devem ser. O milho de pipoca não é o que deve ser. Ele deve ser aquilo que acontece depois do estouro.
O milho de pipoca somos nós: duros, quebra-dentes, impróprios para comer. Mas a transformação só acontece pelo poder do fogo. Milho de pipoca que não passa pelo fogo continua a ser milho de pipoca, para sempre.
Assim acontece com gente. As grandes transformaçoes acontecem quando passamos pelo fogo. Quem não passa pelo fogo fica do mesmo jeito, a vida inteira. São pessoas de uma mesmice e uma dureza assombrosas. Só elas não percebem. Acham que é o seu jeito de ser. Mas, de repente, vem o fogo. O fogo é quando a vida nos lança numa situação que nunca imaginamos. Dor.
Pode ser o fogo de fora: perder um amor, perder um filho, ficar doente, perder o emprego, ficar pobre. Pode ser o fogo de dentro: pânico, medo, ansiedade, depressão, sofrimentos cujas causas ignoramos. Há sempre o recurso do remédio. Apagar o fogo. Sem fogo, o sofrimento diminui e com isso a possibilidade da grande transformação.
Pipoca, fechada dentro da panela, lá dentro ficando cada vez mais quente, pensa que a sua hora chegou: vai morrer. Dentro de sua casca dura, fechada em is mesma, ela não pode imaginar destino diferente. Não pode imaginar a transformação que está sendo preparada. A pipoca não imagina aquilo de que ela é capaz. Aí, sem aviso prévio, pelo poder do fogo, a grande transformação acontece: Bum! E ela aparece como uma outra coisa completamente diferente, com que ela mesma nunca havia sonhado.
Piruá é o milho de pipoca que se recusa a estourar. São aquelas pessoas que, por mais que o fogo esquente se recusam a mudar. Elas acham que não pode existir coisa mais maravilhosa do que o jeito delas serem. A sua presunção e o medo são a dura casca que não estoura. O destino delas é triste. Ficarão duras a vida inteira. Não vão se transformar na flor branca e macia. Não vão dar alegria a ninguém.
Terminado o estouro alegre da pipoca, no fundo da panela ficam os piruás que não servem para nada. Seu destino é o lixo.
E você o que é? Uma pipoca estourada ou um piruá?

3 comentários:

Haroldo Borges disse...

Pastor, boa noite!

Bom eese artigo, leve no começo e no final vem um questionamento para fazer pensar, gostei!!!
Posso usar qdo estiver em um churrasco com os parentes???

haroldo

Anônimo disse...

Li e gostei, começo leve e depois no final vem um questionamento...posso usar para contar no churrasco com parentes??

Graça e Paz!!!

Haroldo

Pastor Ronny disse...

Pastor Sidney, não posso tirar o titulo como alguns amigos fazem, devido meu alto respeito por ti.
Seu blog está muito bom. Gostei deste texto e prometo usar em um sermão em Breve.
Parabéns