terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

PASTORAL DE CARNAVAL

SE SE MORRE DE AMOR!

O título pode parecer estranho, mas é o título de um poema de Gonçalves Dias.
Lá pelos idos de 1976, escolhi Gonçalves Dias como o escritor de quem eu falaria numa espécie de concurso de literatura. Na verdade eu o escolhi por causa da “Canção do Exílio”, a famosa Minha terra tem palmeiras onde canta o sabiá. Quando, no entanto, comecei estudar sua vida e sua obra, descobri que sua capacidade de retratar suas experiências pessoais, em forma de poema, superava seus escritos épicos indianistas.

Levantei-me nesta sexta feira com esse poema na cabeça e, quanto mais eu pensava neste poema, mais eu associava com o tipo de amor de dedicamos – ou sentimos- por Cristo e sua igreja, mais especificamente nossas igrejas locais. Pode parecer esquisito para alguns, mas se tiverem oportunidade de ler o poema, perceberão a razão da minha analogia.

Para ajudar a entender minha viagem ao século passado, às minhas aulas de literatura, vejamos como o poema nasceu. Ele foi escrito, segundo um biógrafo, em 1852 no Recife, após ouvir, num serão, a contestação de algumas senhoras da sociedade, de que o amor pudesse matar. Impactado pela carta que recebera da mãe de sua amada negando-lhe a mão de Ana Amélia, ele passou a analisar este fato. E dessa análise surgiu o poema.

Seu poema tem duas partes: a primeira ele fala de sentimentos e emoções que não passam de fascinação, de emoções vindas de ruídos dos saraus, nas orquestras e no alcançar prazer no que ouve e no que vê. Ele conclui: se outro nome lhe dão, se amor o chamam , de amor igual ninguém sucumbe à perda. Na segunda parte ele fala de um outro tipo de amor e, no trecho mais conhecido ele diz: ...Sentir sem que se veja, a quem adora. Compreender, sem lhe ouvir seus pensamentos... Ele fala de um amor que depois de unido não resiste à separação e que inveja os que encontram o fim deste sofrimento na sepultura. Desse amor, diz ele, desse amor se morre.

Não consegui dissociar a descrição de Gonçalves Dias do amor que temos sentido por Cristo e sua igreja. Que tipo de amor sentimos? Ou podemos chamar de amor àquilo que sentimos? Não seria fascinação pelo ambiente, a música, as festas, as pessoas? Se Gonçalves Dias analisasse o amor que alguns têm sentido pela igreja. Amor sem compromisso, amor interesseiro, amor passageiro, amor leviano. Na sua indagação: Se se se morre de amor! Diria ele, Desse amor não se morre.

Mas se o seu amor por cristo e a igreja é como dois corações que não podem se separar, como um tronco que, se rachado não subsistiria. Aquele amor que faz sofrer quando a igreja sofre, que dói na alma quando o pecado adentra, que corroi de saudade quando não pode fazer mais. Se seu amor é assim, desse amor se morre.

Como é seu amor por Cristo e a igreja?
Se morre desse amor?
Fique na paz
Pr. Sidnei