quinta-feira, 2 de junho de 2011

PARA QUE SERVEM AS VITÓRIAS?

Eu quero trazer à memória aquilo que me dá esperança.

Permitam-me contar um exemplo pessoal sobre o sabor da vitória. Eu volto no tempo e vejo meus dois filhos ainda na escolinha do Handebol do Tamoyo. O Lucas, bem menor que o Thiago e ambos com características esportivas bem distintas um do outro. O Lucas, muito rápido, atacava e defendia numa velocidade espantosa. Por ser canhoto e de baixa estatura era muito difícil impedir suas fintas de corpo. O Thiago jogava mais cadenciado, mais pelo meio, só atacava na certeza. Finta de braço, mudança de direção e potência no arremesso eram suas especialidades.

Para quem não conhece o fim da história, pode imaginar dois craques que hoje são jogadores bem sucedidos em times do exterior, colecionadores de troféus e medalhas. Ledo engano. Sempre jogaram em time pequeno e, pelo menos nos jogos que eu assisti, e que foram muitos, quando tinham entre 12 e 16 anos, poucas vezes os vi saírem vitoriosos contra equipes tradicionais do Handebol. Essas poucas vitórias, no entanto, valia a pena pela felicidade que ela produzia. A esperança renascia e a expectativa que na próxima poderia acontecer outra vitória e a confiança aumentava.

Nas derrotas, da arquibancada, eu sofria junto e tentava consolá-los, mas nessas horas não há palavras que consolem um pré-adolescente e um adolescente. A técnica do time gritava o tempo todo com o time e minha esposa, obviamente, queria bater nela.

Após cada jogo, ganhando ou perdendo eles iam para casa e curávamos suas feridas no corpo e no orgulho. Eu cheguei a pensar: para que serve tudo isso? Tanto treino, tanto empenho, tanta luta para nada?

Só muitos anos mais tardede eu percebi que, independente do número de derrotas ou vitórias, eles aprenderam a lutar sem desistir até o último minuto da partida e que quanto maior a luta mais doce é o sabor da vitória.

Hoje são pais de família. Lutam diariamente contra os males do nosso tempo. Incertezas quanto ao futuro dos filhos, dificuldades financeiras, busca do seu espaço profissional, pressões e opressões espirituais, liderança familiar e outras batalhas que todos nós bem conhecemos. Algumas vezes perdem, outras ganham. O que me conforta é que já aprenderam que, assim como uma partida é apenas parte de um campeonato mais longo, as derrotas ou vitórias em determinados momentos da vida, fazem parte de um plano maior de Deus e que o prêmio maior não será pelo resultado de cada partida, mas pela forma como foi jogado todo o campeonato.

Na vida, continuamos na arquibancada, eu e a minha esposa, como há muitos anos. Podemos torcer, mas não podemos jogar. Podemos nos irritar e até gritar com quem faz uma falta violenta, fazendo um deles sofrer, mas não podemos entrar em quadra. Podemos dar nossos palpites, como torcedores, mas sabemos que, muitas vezes, pelo barulho do ambiente e pelo calor da partida, nem ouvirão. O que sentimos falta é de voltarem para casa podermos curar suas feridas como quando eram crianças. Hoje são eles quem têm que cuidar dos seus.

Somos pais como tantos outros. Que apenas torcem para que seus filhos nunca percam e esperança e a tenacidade. Para que lutem até o final e que tragam na mente o último resultado positivo, que ainda sintam o doce sabor da vitória, sabendo que Deus poderá repeti-lo muitas outras vezes, se continuarem lutando. O profeta Jeremias sabia muito bem usar sua memória seletiva. À sua mente ele trazia aquilo que lhe dava esperança.

Aquele tempo foi bom para que eu aprendesse qua a vitória existe, não para tripudiar sobre o adversário vencido, mas para servir de esperança quando em combate com um adversário mais forte. Nossa memória pode ser nossa fonte de inspiração e de encorajamento se for usada de forma positiva.A confiança e alegria com que meus filhos jogavam uma nova partida, pensando na última, e inacreditável, vitória, atestam as palavras de Jeremias.

Pense em quantas vezes Deus te deu vitória sobre uma situação aparentemente sem saída. Traga isso à memória quando enfrentar novos e grandes desafios. Não permita que pensamentos derrotistas e experiências mal sucedidas minem sua confiança em Deus. Ele pode reeditar uma vitória espetacular.

Boa luta!

3 comentários:

Thiago Azevedo disse...

Pai.

Obrigado.

É mais fácil quando sabemos quem nos olhará sempre.

Anônimo disse...

estou por aqui, aproveitando seu espaço. bons textos. abraços lamarque

Pastor Sidnei Azevedo disse...

Caro Pr. Lamarque
Fiquei honrado com sua visita